quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Nasce o curta


Trazemos novidades frescas direto dos bastidores do Projeto Bolívia. No último mês, em meio ao processo de decupagem das fitas e montagem do documentário, surgiu um curta. A mina de um povo, formato 5 minutos. Uma breve abordagem sobre o movimento dos mineiros, uma das bases econômicas do estado boliviano, com imagens capturadas em Oruro, na mina de Huanuni, a primeira a ser nacionalizada pelo governo Evo Morales. O vídeo foi exibido terça-feira (11), em Salvador, na primeira noite do Festival Nacional de Imagem em 5 minutos.

A mina... mostra como são abertas as galerias subterrâneas para extrair estanho, metal que junto com o ouro e o zinco representa a maior exportação da Bolívia depois do gás natural. O governo boliviano arrecadou US$ 45,5 milhões em impostos sobre mineração em 2006. As cooperativas contribuíram com US$ 18,6 milhões. Como meta para 2007, Morales propôs aumento das tarifas com o intuito de engordar a receita do governo em até US$ 300 milhões. Cifras exclusivas da extração e venda de minério.

Nas imagens, destaque para o ambiente sombrio e insalubre, contrastando com a força do trabalhador das minas. Não só uma resistência física, mas ideológica. O vídeo mostra como os mineiros estão articulados com a política de nacionalização. Por mais de 300 anos, a Bolívia foi o segundo país de maior peso no fornecimento de prata no mundo. Apesar da abundância natural, pouco foi revertido em benefícios que garantissem o fortalecimento da nação. Considerado o mais pobre da América Latina, a Bolívia durante anos esteve enlaçada com governos que privilegiaram o manejo de recursos privatizados perante a expressão do Estado. Com o governo Morales, os mineiros de Huanuni acreditam que a Bolívia aponta para um novo rumo. Feito despertado por uma liderança de origem indígena, pela primeira vez, a frente das decisões. Fala-se em desenvolvimento econômico e perspectivas de melhorias na condição de vida do boliviano.

Destaque também para o uso da folha de coca, a planta mãe da Bolívia. Armazenada no canto da boca, em bolos que fazem saltar as bochechas, a coca mascada funcionada como filtro para diminuir o impacto das impurezas da extração dos metais, que vindos das entranhas da terra caem direto no organismo dos mineiros. Alguns chegam a considerar o uso da coca mais importante que as máscaras de ventilação. É o sustento da mina.

Trilha sonora? Optamos pelo som ambiente. O maquinário e as ferramentas têm muito a dizer. A você, caro espectador, sugerimos que prepare o ouvido para dialogar com a mina. Mantenha os olhos abertos para conhecer o Tío. E lembre-se: não pisque, o vídeo é curto.

A mina... marca também a estréia de um novo integrante da equipe – Pedro Santana, que chega para somar forças no processo de montagem e edição. Roteiro de Vítor Rocha, com pesquisa de Ricardo Sangiovanni. Imagens Mateus Damasceno, áudio Lucas Santana. Tássia Novaes, na produção.

Na última terça-feira, estivemos na sala Walter da Silveira, local onde estão sendo exibidos os vídeos que fazem parte da mostra competitiva do festival. São 50 inscritos, divididos em uma grade de projeção que só termina sábado. A mina de um povo foi o quinto da noite. Outros sete foram exibidos posteriormente. Ouvimos aplausos, um bom motivo para nos encher de ânimo e seguir adiante na finalização do documentário.

Mais:

Confira a programação do festival
A mina de um povo na mídia
Rotação 5' indica A mina de um povo como diferencial da 1ª noite do festival