quarta-feira, 5 de setembro de 2007

A capital, quem leva?

Um dos impasses na agenda de debate da Assembléia Constituinte refere-se à capital do País. Atualmente a sede dos poderes executivo e legislativo é La Paz, mas a capital constitucional da Bolívia é Sucre. A divisão foi feita em 1899 durante uma guerra civil entre os próprios bolivianos.

Com mais de 2,3 milhões de habitantes, La Paz é a capital administrativa, sede do governo com o Palácio Quemado, onde entrevistamos o presidente Evo Morales. A geografia bastante acidentada é um detalhe que salta aos olhos assim que se chega à cidade. São milhares de casas e prédios erguidos em paredões rochosos. No fim do dia, com o cair do sol, a cidade é invadida por uma luz dourada, enquanto o monte Illimani [foto acima, ao fundo, coberto de neve], com 6,402 metros de altura, permanece inalcançável atrás das montanhas paceñas.

Na parte sul da Bolívia está Sucre, sede da Suprema Corte de Justiça, uma cidade relativamente pequena com pouco mais de 230 mil habitantes. Considerada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), Sucre também é conhecida como Cidade Branca devido aos diversos casarões coloniais de faixada clara.

As duas cidades encabeçam na Constituinte proposta de capitalidade plena, termo que significa reconhecer apenas uma das cidades como capital e sede dos três poderes. A questão é que nenhuma das duas quer sair de mãos vazias. O tema motiviou divisão entre os constituintes de La Paz e Chuquisaca, departamento qual Sucre é capital, até que no último dia 15 de agosto a direção da Constituinte, a pedido de representantes do MAS, aprovou a eliminação do debate sobre a capital. A medida teve o apoio de 134 dos 211 constituintes presentes no plenário.

Desde então todas as atividades da Comissão da Constituinte estão paralisadas. A situação voltaria ao normal hoje, mas as sessões voltaram a ser suspendidas devido a um confronto entre policiais e manifestantes.

Em meio as pressões políticas, o governador do departamento de Chuquicasa, David Sánchez (MAS)renunciou o cargo com o argumento que não gostaria de ser responsável pelo enfrentamento de manifestantes e a polícia especialmente no próximo dia 10 de setembro, dia em que está programado uma marcha campesina com mais de 100 mil pessoas.



Em nossa passagem por Sucre [22 a 26 de agosto], encontramos mais de 600 pessoas em greve de fome, uma espécie de ação refratária à hipótese de perder a capitalidade. A foto ao lado foi tirada no Salão Vermelho de Honras da Prefeitura. No cartaz, "Sucre de pé, nunca de joelhos".

4 comentários:

Vítor Rocha disse...

Caros amigos e amigas,
Mateus, Lucas e eu voltamos para Sucre hoje e vamos tentar captar o clima tenso da cidade. Prédio da Assembléia Constituinte queimado, ruas repletas de fuligem e estudantes nas ruas formam o repertório Chuquisaqueño.
Sigam conosco.

Anônimo disse...

Equipe Bolívia, vcs estão de parabéns, sigam em frente, está muito bom.
Um grande abraço p/ todos vcs.
Adriano (Bola)

Anônimo disse...

ai ai dá gosto ver vcs acompanhando tudo isso, vivendo a história.

a primeira foto tá lindona [todas estão], mas me dá agonia pq parece q vcs vão cair :p

beijos

Anônimo disse...

Andei sentindo a falta e preocupado com vocês.
O que aconteceu?