sábado, 11 de agosto de 2007
O sotaque conta a favor
Chegamos em Santa Cruz de la Sierra em uma madrugada fria, depois de uma viagem noturna desde Cochabamba. Nos abrigamos num hostel e de manhã mesmo acompanhamos o desfile cruceño em comemoração ao 182º aniversário de independência do país.
Autoridades municipais, departamentais, escolares, movimentos civis organizados marchavam sob um sol forte. Com as câmeras na mão, começamos o registro. Nosso amigo Lucas tirava algumas fotos e dois sujeitos se perguntavam quem era aquela figura de barbas e cabelos compridos.
- Será cubano? Indagou um.
- Está mais para venezuelano, concluiu o outro.
Depois dos cochichos em pé de ouvido, um resolveu tirar a dúvida:
- Oi amigo, você vem de onde?
- Do Brasil, sou brasileiro.
A resposta de Lucas deixou o sujeito tranquilo e confortável para arriscar um conselho:
- Olha filho, cuidado com os cubanos e venezuelanos, eles estão por toda a parte e são perigosos.
Abordagens como essa têm sido constantes. São resultados da efervescência política nacional.
Dizem que tropas venezuelanas e cubanas estão no país. Mas o que vi mesmo foram médicos da ilha.
Eles foram enviados ao país para a Missão Milagre, como forma de melhorar o acesso dos pobres à medicina. Nós, inclusive, utilizamos um dos postos de saúde.
Nosso cinegrafista Mateus teve um probleminha no olho direito e fomos encaminhados a um posto especializado em oftalmologia. É uma das poucas opções de atendimento médico gratuito, em uma cidade com muitas clínicas particulares.
Depois de um atendimento imediato e ágil, uma cubana o receitou um colírio. Algumas gotinhas e tudo está bem. Já imaginou nosso câmera com um olho prejudicado?
Venezuelanos ainda não encontrei nenhum. Vou continuar procurando. Vou continuar também com o sotaque. Nessas horas, ser brasileiro alivia um pouco a barra.
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Um comentário:
"Cuidado com os cubanos e bolivianos" é ótimo =P
Beijos, queridos.
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